O primeiro jogo
Quem não estava na Lua, em Marte ou a bordo de uma nave estelar lutando no espaço durante aquela geração de videogames de 8 e 16 bits deve ter feito contato imediato com o assunto dessa matéria.
Intitulado simplesmente como Battletoads e lançado em 1991, o jogo seria apenas mais um game de ação/luta no bom e velho estilo beat’em up chegando às prateleiras das lojas especializadas, mas a inevitável comparação às Tartarugas Ninja (que já eram sucesso desde aquela época) moveram alguns holofotes para aquele trio inesperado. O jogo foi desenvolvido pela Rare para os consoles Sega Mega Drive/Genesis, Sega Game Gear, Game Boy, Amiga CD32 e NES, tendo provavelmente os gráficos mais avançados para o fim da vida útil do NES (8 bits), justamente na época em que o mercado já voltava os olhos para o Sega Genesis e SNES (ambos 16 bits).
Naquela época, tirando os afortunados que possuíam um videogame de 16 bits em casa, a maioria dos jogadores frequentava os fliperamas e as locadoras. Esse público se dividia basicamente em 2 grupos, onde o primeiro era composto quase que exclusivamente por jogadores de Fighting Games e o segundo englobava as pessoas que gostavam de todos os outros jogos (que não eram de luta). Sendo assim, é possível e provável que as pessoas do segundo grupo tenham jogado algum título da franquia Battletoads, cujas principais características eram a diversão caricata com jogabilidade extremamente difícil ao longo das aventuras dos irmãos sapos mutantes adolescentes Pimple, Rash e Zitz contra a perversa Dark Queen, líder do planeta Ragnarok.
A base do enredo do primeiro jogo é bem simples, ainda mais se comparado aos jogos de hoje em dia. Tudo porque os desenvolvedores decidiram focar nos maiores clichês dos jogos beat’em up: o resgate de alguém importante para os heróis, impedir o vilão de dominar o universo e se vingar de um mal terrível.
Nessa primeira aventura noventista, os sapos trogloditas Rash e Zitz saem em busca de seu terceiro irmão, Pimple, que desapareceu misteriosamente durante a missão de resgatar a princesa Angelica das garras da terrível Dark Queen que, por sua vez, planeja destruir os sapos mutantes e dominar o universo. Sabendo que não poderiam completar a missão sozinhos, Rash e Zitz contam com a ajuda do professor T. Bird e a tecnologia da nave espacial The Vulture.
- Trailer Promocional do jogo de 1991:
O Desenho Animado
Com o inesperado sucesso dos jogos e séries animadas de criaturas mutantes e/ou espaciais, não tardou até as empresas de TV começarem a pensar/produzir uma série animada contemporânea ao game. No caso de Battletoads, houve um episódio piloto de 22 minutos, produzido pela DIC Entertainment e apresentado pela FOX ainda em 1991. Na época, a animação deveria compartilhar do sucesso de Teenage Mutant Ninja Turtles, mas (infelizmente) não foi isso que aconteceu. O episódio era bem animado, colorido, cartunesco e trazia um enredo ligeiramente diferente daquele apresentado pelo jogo original, onde alguns jovens desajustados recebem poderes especiais para se transformarem na nova geração de Battletoads, herdando a missão de proteger a princesa Angelica enquanto impedem a perversa Dark Queen de conquistar o universo.
Independente da recepção do público na época, a FOX retirou o episódio do ar e engavetou a produção da série animada, mas ainda podemos encontrar esse episódio no Youtube:
O Segundo Jogo: continuação com cara de remake
Lançado em 1993 pela Tradewest, a sequência de Battletoads chegou ao Super Nintendo trazendo uma melhoria incrível nos gráficos e na jogabilidade de seu antecessor. Battlemaniacs é a sequência direta do primeiro jogo e, assim como ele, também traz apenas dois dos três irmãos sapos: Pimple e Rash. O jogo também foi lançado para o Master System no ano seguinte (1994).
O enredo é (em teoria) diferente do primeiro jogo, já que traz Pimple e Rash como protagonistas do beat’em up. Os dois foram convidados para a apresentação de um novo videogame desenvolvido por seu amigo Professor T-Bird. Atraídos pela promessa de que o novo Gamescape seria tão realista a ponto de criar um mundo artificial perfeito, os sapos ficaram entretidos no jogo enquanto a vilã Dark Queen entrou em cena junto a seu lacaio, o Porco do Apocalipse, para sequestrar todos os presentes no evento do Gamescape. Sendo os únicos não sequestrados, Pimple e Rash tomam a responsabilidade para si e partem para o resgate. No meio da missão, percebem que as coisas não serão tão simples quanto estavam pensando.
- Trailer Promocional do jogo de 1993 (Youtube):
O Terceiro Jogo: um crossover consolidando franquia
Mesmo com o lançamento posterior de diversos concorrentes de peso como Teenage Mutant Ninja Turtles (1989), Battletoads (1991), Captain Commando (1991), Streets of Rage 2 (1992) e X-Men (1992), nada impediu a Rare de realizar uma parceria com a distribuidora Tradewest e lançar em 1993 o crossover batizado como Battletoads & Double Dragon: The Ultimate Team. Sendo assim, o público é presenteado com um novo beat’em up que não fugiu dos clichês, apesar de inovar ao misturar elementos de franquias tão distintas.
O enredo traz novamente a perversa Dark Queen que, derrotada pelos Battletoads, fugiu para os confins do universo. Seu exílio deixou os sapos sem nada para fazer, então decidiram continuar suas vidas até descobrir que sua antiga inimiga havia se instalado na Lua de um planeta chamado Terra e estava se preparando para dar início um novo plano de conquista do universo. Na Terra, os irmãos Billy e Jimmy (Double Dragon) descobrem que seus inimigos jurados, os Shadow Warriors, se aliaram a uma força desconhecida que os tornou mais poderosos. Vendo que a Dark Queen estava causando problemas na Terra, os sapos decidiram se aliar aos irmãos Billy e Jimmy para equilibrar a balança e derrotar mais uma vez sua velha inimiga em sua própria nave Colossus na Lua.
- Trailer Promocional do jogo de 1993:
O Quarto Jogo: 26 anos depois
Lançado para PC e Xbox One, a aguardada continuação das aventuras beat’em up dos Battletoads volta a ganhar vida no mundo dos videogames, dessa vez trazendo um estilo completamente diferente de design de personagens, animação, enredo, ritmo, jogabilidade e, é claro, violência gratuita cartunizada.
A nova versão do game foi desenvolvida pela Dlala Studios, supervisionada pela Rare e publicada pela Xbox Game Studios, trazendo uma aventura com o enredo mais criativo de toda a série, sendo uma continuação direta dos outros jogos, que inicia com os três sapos cuidando de suas vidas de superestrelas bem-sucedidas, ainda que precisem literalmente chutar alguns inimigos casuais. Assim como os sapos, também somos surpreendidos com o fato de que tudo isso não passava de uma ilusão que, uma vez desfeita, mostra os Battletoads tendo que enfrentar os problemas mundanos do cidadão comum: coisas complicadas como achar emprego, comprar comida, etc. Entediado com a vida normal, um deles (não diremos qual) cria uma estratégia mirabolante para fazer o trio voltar a aparecer nas mídias como os heróis famosos que foram um dia.
- Trailer Oficial:
Sapos em Quadrinhos
Apostando no sucesso do novo jogo dos sapos porradeiros, a Comixology disponibilizou totalmente grátis as duas primeiras edições da HQ dos Battletoads (em inglês e em formato digital, é claro), apresentando uma história totalmente nova que, até onde se pode dizer, ocorre logo após derrotarem novamente a Dark Queen no jogo do Xbox One.
Então, você gosta de Battletoads? Tá curioso para ver que rumo vai tomar essa história? Acessa o site da Comixology, baixa as duas edições e comenta abaixo o que você achou:
- Edição 1: https://comixology.com/Battletoads-1/digital-comic/884952
- Edição 2: https://www.comixology.com/Battletoads-2/digital-comic/898753
Vale ressaltar que a Comixology é um repositório de quadrinhos pertencente à Amazon.
Curiosidades:
- Além dos jogos da franquia (e sua própria HQ) os três sapos porradeiros deram as caras como participantes especiais noutras produções do mundo dos games:
- Shovel Knight (PS3, PS4, PS Vita, Xbox One, PC, 3DS, Wii U, Switch);
- Killer Instinct: Season 3 (Xbox One e PC);
- Rare Replay: 30 Hit Games - One Epic Collection (Xbox One).
- Dentro do primeiro jogo há quem diga que a jogabilidade da franquia era difícil demais para os padrões da época, chegando a beirar a injustiça com os jogadores quando comparada ao nível de precisão oferecido pelos controles dos consoles da época. Não era incomum ver jogadores desistindo do game justamente por essa característica.
- Fora dos consoles, em 1994, Battletoads deu seu primeiro passo em direção àquilo que se tornaria sua franquia. Uma parceria entre a Rare e a Electronic Arts desenvolveu e lançou Super Battletoads, uma versão exclusiva para arcade. Apresentando cores mais escuras, o game estava mais sombrio e sinistro que o primeiro, contando com mais violência visual como sangue e ossos dos inimigos, que foi possível apenas devido ao melhor processamento gráfico dos arcades.
- Dentro do segundo jogo, durante a gameplay, o jogador pode ver alguns inimigos muito peculiares que roubam a barra de vida dos sapos. Esses inimigos são uma referência clara ao clássico jogo arcade chamado Space Invaders (1978), que inclusive foram citados no manual do jogo como Game Vaders.
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